Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2024 – O Summit 2024, promovido pela ABES no Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento (PNQS), reuniu especialistas, lideranças e representantes de toda a cadeia do saneamento para debater soluções inovadoras e os desafios impostos pela meta de universalização do saneamento básico no Brasil até 2033. A abertura foi conduzida por Samanta Souza, coordenadora do Comitê Nacional da Qualidade (CNQA) da ABES, que destacou os desafios latentes enfrentados pelo setor, incluindo o impacto do Novo Marco Legal do Saneamento, os processos de desestatização e o reposicionamento das operadoras públicas.
“O marco nos impõe uma velocidade e volumetria de investimentos muito alta. Como vamos até 2033 universalizar com eficiência operacional e inovação tecnológica? É sobre isso que vamos falar”, destacou Samanta.
Ela reforçou também a importância de uma troca de experiências que favoreça toda a cadeia, incluindo fornecedores, reguladores e concessionárias, para que a universalização do saneamento seja alcançada de maneira eficiente, sustentável e inovadora.
Painel: Eficiência na Operação – Atualização Tecnológica e Geração de Valor
Moderado pela representante da ABCON, Ilana, o painel trouxe à tona discussões fundamentais sobre como a eficiência operacional é peça-chave para o sucesso da universalização. A meta, estabelecida pela legislação, prevê 99% de abastecimento de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033, abrangendo principalmente populações vulneráveis.
Os palestrantes apresentaram diferentes aspectos do tema, como: redução de Perdas, eficiência Energética, tecnologias avançadas e financiamento e Sustentabilidade.
O painel trouxe à tona discussões fundamentais sobre como a eficiência operacional é peça-chave para o sucesso da universalização. A meta, estabelecida pela legislação, prevê 99% de abastecimento de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033, abrangendo principalmente populações vulneráveis.
Carlos Berenhauser, CEO da Enops Engenharia, destacou a relevância dos indicadores de perdas como principal medidor de eficiência e apresentou soluções como contratos de performance voltados para a redução de perdas na distribuição de água.
Eduardo Moreno, da Vitalux, abordou o impacto do custo da energia elétrica no saneamento, que representa até 80% do consumo nos sistemas de bombeamento. Ele enfatizou ações como modernização de sistemas, substituição de bombas e investimentos em autoprodução de energia, como fotovoltaica como forma de otimização.
Marcos Uliana, da Job Engenharia e Soluções Ambientais, apresentou a aplicação de tecnologias avançadas para medir e monitorar a qualidade da água e garantir processos otimizados, destacando exemplos práticos de inovação tecnológica.
Renan Magalhães, da Águas do Rio, reforçou a necessidade de captação de recursos externos para atender os investimentos estimados em R$ 900 bilhões necessários para a universalização, além de integrar estratégias de eficiência energética ao planejamento hidráulico.
Painel: Universalização – desafios de expansão e modernização da infraestrutura de saneamento
O segundo painel do Summit 2024 da ABES, no PNQS 2024, trouxe um debate profundo sobre os desafios para alcançar a universalização do saneamento básico no Brasil. Especialistas destacaram que o processo vai muito além da engenharia, envolvendo planejamento integrado, inovação tecnológica, inclusão social e sustentabilidade.
O debate destacou que alcançar a universalização do saneamento básico exige um esforço conjunto que combine planejamento técnico, engajamento social, investimentos robustos e inovação tecnológica. Apesar dos desafios, os participantes ressaltaram que é possível avançar com soluções integradas e parcerias entre o setor público e privado, trabalhando juntos para transformar o saneamento em uma realidade acessível e sustentável para todos os brasileiros.
Moderado por Sérgio Gonçalves, secretário executivo da Aesbe, os palestrantes destacaram que grande parte das pessoas fora do sistema de saneamento básico são social e economicamente vulneráveis, vivendo em áreas de risco, comunidades isoladas ou favelas.
Juliana Almeida Dutra, diretora de projetos da Deep, enfatizou que cada estado tem realidades diferentes, e os projetos de engenharia precisam considerar as especificidades sociais dessas áreas, incluindo a continuidade do trabalho pós-implantação para garantir sustentabilidade e eficiência a longo prazo.
Eduardo Araújo, diretor de negócios da Engeform, abordou o impacto do financiamento e prazos no avanço da universalização. Ele destacou cases de sucesso onde o planejamento detalhado reduziu significativamente os custos de grandes obras de infraestrutura, demonstrando a importância de otimizar recursos.
Ricardo de Mattos, da Castilho Engenharia, ressaltou que o Brasil está atrasado em até 30 anos na meta de universalização e que será necessário um investimento estimado em R$ 509 bilhões para atingir os objetivos.
A inovação foi considerada essencial para superar os desafios técnicos e financeiros. Foram mencionadas tecnologias para melhorar a eficiência operacional e otimizar o uso de recursos, como soluções para tratamento de esgoto em áreas remotas e tarifação social justa.
Roberval Tavares, diretor de Engenharia e Inovação da Sabesp, destacou a importância de levar água e saneamento às comunidades de baixa renda, mas com tarifas sociais justas, garantindo que a população compreenda a relação direta entre saneamento e saúde. Ele ressaltou a necessidade de educação e conscientização para promover a aceitação dos serviços.
Foi mencionado que 47% da população brasileira ainda não tem acesso à coleta e tratamento de esgoto. Municípios menores, especialmente os com menos de 10 mil habitantes, enfrentam desafios significativos, exigindo soluções específicas e parcerias estratégicas.
Painel: Inovação e Transformação no Saneamento: Práticas disruptivas para alavancagem do negócio
No terceiro painel do Summit 2024 da ABES, realizado durante o PNQS 2024, líderes e especialistas debateram o papel da inovação e das práticas disruptivas para transformar o setor de saneamento no Brasil, destacando soluções tecnológicas que podem acelerar o processo de universalização e gerar valor para as empresas.
O presidente nacional da ABES, Marcel Costa Sanches, abriu o tema ressaltando os desafios do setor em cumprir os contratos de universalização até 2033, destacando a necessidade de investimentos robustos e a urgência de adotar tecnologias inovadoras como inteligência artificial. Ele enfatizou o papel da ABES na promoção da internacionalização do setor e no fortalecimento da colaboração entre empresas, fornecedores e reguladores, criando um ambiente de inovação contínua e sustentável.
Ariane Albuquerque, da Vita Ambiental, compartilhou exemplos práticos de soluções disruptivas já em aplicação, como o uso de hidrômetros inteligentes com tecnologia IoT para monitoramento remoto de dados e combate a perdas.
O Augusto Neto, CEO da Wil, apresentou o conceito de “uberização do saneamento”, propondo novas formas de prestação de serviços com maior flexibilidade e foco no cliente final, utilizando tecnologias como plataformas digitais e conectividade para revolucionar a operação e gestão.
Francisco Barnabeu, da Elliot, apresentou o conceito de “Operação 4.0”, projeto que transformou a atuação de fornecedores no setor. Essa transformação permitiu o desenvolvimento de um sistema avançado de gestão de infraestrutura, capaz de controlar todas as etapas do processo, desde outorga até captação, operando “de rio a rio”.
O Roberto Barbuti, presidente da Iguá, enfatizou a importância de parcerias estratégicas com fornecedores qualificados e o desenvolvimento de um mercado robusto para atender às demandas de universalização. As empresas foram desafiadas a buscar novas formas de colaboração e investir em soluções mais eficientes e acessíveis para a população, especialmente em áreas vulneráveis.
A inovação foi apresentada como ferramenta fundamental para equilibrar os investimentos necessários com a capacidade de pagar tarifas justas pela população.
Os projetos voltados para sustentabilidade, como automação e uso de inteligência artificial, visam não apenas aumentar a eficiência, mas também reduzir o impacto ambiental das operações. O painel reforçou que o futuro do saneamento no Brasil depende de práticas disruptivas e da adoção de tecnologias avançadas que transformem o setor. A colaboração entre empresas, fornecedores e reguladores será essencial para superar os desafios financeiros e operacionais, garantindo serviços de qualidade e acessíveis. A mensagem central foi clara: inovação não é apenas uma opção, mas a chave para a universalização sustentável.
Summit 2024
O Summit 2024 proporcionou um espaço único de discussão e aprendizado, reunindo iniciativas inspiradoras e soluções concretas para os principais desafios do saneamento no Brasil.
O evento reforçou o compromisso da ABES em liderar o debate sobre inovação no setor de saneamento e preparar o Brasil para atender às exigências legais e climáticas com soluções tecnológicas e operacionais de ponta.